Ponte Santos-Guarujá: falta ler Prestes Maia
Fico intrigado, toda vez que ressurge na imprensa a questão da Ponte Santos-Guarujá, como hoje na p. A3 de A Tribuna. Além de achar que a discussão acerca das alternativas tecnológicas (ponte x túnel) não está esgotada, até hoje não entendo porque o debate sobre as alternativas de localização da ligação só se ateve às duas localizações: entrada da barra e Saboó/ilha Barnabé (esta última, ao que parece, preferida pela Codesp).
A questão crucial da localização comporta uma discussão muito mais aprofundada do que a realizada até o momento. Só para exemplificar, relendo o Plano Regional de Santos, obra publicada pelo urbanista Francisco Prestes Maia, em 1950 (!!!), encontrei várias alternativas tecnológicas e algumas locacionais, num exercício brilhante de método, que na época esgotou a discussão.
No Capítulo III da obra, Maia escreve: “Na Ponta da Praia a largura do canal regula 400 metros, vão já alcançados nos últimos projetos estrangeiros. Todavia uma obra fixa aí, na verdade única entrada do porto, torná-lo-ia inteiramente dependente do gabarito da estrutura ou dum acidente.”
No mesmo Capítulo, o urbanista alerta: “A travessia do estuário mediante ponte alta ou túnel apresentando certos inconvenientes, cabe estudar a hipótese de uma ponte baixa de vão móvel.
A principal vantagem relativamente à ponte alta é a economia pelo encurtamento dos acessos e menor altura dos pilares. Dispensa outrossim acessos suplementares, aconselháveis no primeiro caso.
Segunda vantagem é o menor percurso a que obriga, e a menor altura: os veículos e transeuntes terão de galgar apenas 25 metros e não 70 ou 80, que é quase a altura do Martinelli.”
Creio que os responsáveis pelo projeto deveriam ler Prestes Maia. Poupariam tempo, esforço e o nosso dinheiro.
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