Rodoanel: o gargalo previsível


O aumento de 14% no transito de caminhões, verificado nos sete primeiros meses deste ano, na Via Anchieta, sentido Baixada Santista, conforme dados da Ecovias, não deveria surpreender as autoridades responsáveis pelo trânsito. Este incremento, que provocou, também, aumento de 11,48% no número de acidentes, em igual período, era perfeitamente previsível, pois com a inauguração do Rodoanel, os transportadores não precisam mais programar viagens em horários fora das restrições existentes na capital.
O resultado deste fenômeno vem sendo observado quase diariamente no trevo de Cubatão e nos acessos e vias internas do Porto, nas duas margens do estuário, onde o caos se instalou, provocando longos congestionamentos, repercutindo no trânsito local de Santos e Guarujá.
Depois que a porteira foi arrombada, as autoridades correm atrás de soluções, que já deveriam estar previstas no conjunto de obras e intervenções adicionais que qualquer projeto deste porte requer. O porto procura organizar o agendamento mais eficiente de acesso aos terminais, o que já deveria ter sido previsto desde que os terminais foram privatizados, há cerca de quinze anos. Ecovias e autoridades estaduais discutem obras viárias, cujos prazos de execução são sempre longos e que já deveriam estar concluídas quando da inauguração do Rodoanel. Enquanto isso, os governos locais correm atrás do prejuízo, tentando organizar a bagunça em que se transformou o trânsito na entrada de Cubatão e de Santos.
Não é a primeira vez que a ausência de planejamento viário eficiente provoca prejuízos na Baixada Santista. Vale lembrar o caso dos viadutos, que há uma década são prometidos, pelo governo do estado, para o trecho vicentino da Rodovia dos Imigrantes e que até hoje não foram construídos, resultando em imensos congestionamentos em feriados e na temporada.
É inadmissível que grandes obras viárias como o Rodoanel e a segunda pista da Imigrantes tenham sido inauguradas sem plenas condições de absorção de seus impactos. É necessário, pois, que os poderes locais sejam mais independentes e exijam das demais esferas maior respeito à Baixada Santista. Enquanto isto não ocorrer, nós, moradores da região, estamos condenados a assistir como meros espectadores, ao caos se instalando diariamente nas vias regionais.

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