Santos: a questão do trânsito não comporta uma visão parcial dos fatos

O editorial de hoje, do jornal A Tribuna, entitulado "Estacionamento, outra dificuldade", é um mau exemplo de como analisar a grave questão do trânsito em Santos. Ao discutir a falta de vagas para estacionar em nossas ruas, em texto bastante extenso, em nenhum momento o jornal cogita a estratégia central para solucionar a questão: o estímulo ao transporte público coletivo eficiente (no sentido mais amplo, que inclui tarifas acessíveis a todos) e o desestímulo ao transporte particular individual.
Diante de uma política industrial nacional excessivamente dependente da matriz automobilística, do crescimento econômico, do acesso cada vez maior e generalizado ao crédito, e da concentração do setor terciário regional em Santos, que tornam nossas ruas cada vez mais carregadas de veículos particulares, em nenhum momento o editorial defende estas estratégias óbvias, que são largamente exitosas em metrópoles mundo afora.
Centrando a preocupação com o estado do trânsito na falta de vagas para estacionamento, não iremos avançar nesta discussão. Ao contrário, quanto mais vagas para veículos particulares forem ofertadas no destino das viagens, maior vai ser o impacto negativo no trânsito.
E imaginar que o Município tem a obrigação de alargar ruas e avenidas para resolver o problema da fluidez de trânsito é impensável num quadro social que aponta, para Santos, outras prioridades mais importantes, como a redução dos indecentes índices de mortalidade infantil e do deficit habitacional, por exemplo.

Comentários

  1. Que tal discutir também a necessidade dos radares nos semáforos e a sincronia para a travessia de pedestres?
    Poderia abrir um tópico só para estes dois pontos ou então abordar também a falta de fiscalização sobre o trânsito de bicicletas.

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