SUV: uma ideia fora do lugar que devora o espaço urbano


O leitor e a leitora já devem ter percebido. Com o cada vez mais elevado número de veículos de várias espécies nas ruas, problema especialmente grave em Santos, o espaço público vem sendo devorado. Numa cidade carente de praças e alamedas, pouco sobra para os pobres pedestres circularem. Até mesmo os passeios são frequentemente invadidos, por motos e bicicletas ávidas em se livrar dos congestionamentos.
Na mesma velocidade em que este problema se agrava, os SUV, utilitários esportivos (do inglês: "Sport Utility Vehicles"), vêm caindo no gosto dos endinheirados. Os SUV são veículos fabricados a partir de chassis de caminhonetes, no início populares em áreas rurais dos EUA, devido a altura e a tração 4x4. A partir da década de 1990, com novo design, mais itens de luxo e mecânica mais semelhante aos carros compactos, estes veículos de grandes dimensões passaram a fazer sucesso no meio urbano daquele país.
No Brasil, país no qual as dimensões do sistema viário são muito inferiores, os SUV passaram a virar o sonho de consumo da classe média motorizada, a partir da década que se encerra. É a típica ideia fora do lugar, expressão magnificamente cunhada por Roberto Schwartz, na obra “Ao vencedor as batatas”.
Em Santos, este sonho já virou pesadelo. Com dimensões inadequadas às nossas estreitas faixas de rolamento e às exíguas vagas de estacionamento, os SUV consomem com enorme voracidade o pouco que nos resta de espaço e obrigam pedestres a invadir o leito carroçável, para escapar dos monstrengos, estacionados nos recuos de estabelecimentos comerciais. Nos bairros mais “nobres” da cidade, os SUV já dominam as ruas em quantidade assustadora.
Enquanto isso, em Paris, cidade que dispõe de um dos mais eficientes sistemas de transportes coletivos do mundo e largas avenidas, os pequenos Smart dominam as ruas, para o alivio de quem pode caminhar pela bela capital francesa.

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