Ainda da Folha de ontem: Preço de imóvel comercial mais que dobra em Santos

Segundo a Folha, podemos ficar tranquilos, pois a Prefeitura vai "frear a ocupação na ilha" (ver abaixo). Fico pensando, como jornalistas podem embarcar numa versão dessas, sem checar as informações que recebem.


Folha de São Paulo, 27/3/2011 - Caderno Mercado (p. B4)
(AGNALDO BRITO, CAROLINA MATOS E MOACYR LOPES JÚNIOR)

Aluguel de escritórios na cidade ainda deve subir 30% até o fim de 2012

Construtoras prometem oito prédios comerciais modernos para receber empresas que seguem a Petrobrás e o porto

DE SÃO PAULO

O mercado de imóveis comerciais de Santos segue a toada de aumento de preços que embala os segmentos de terrenos e residências, depois de anos de estagnação.
O valor de venda do m2 comercial na cidade, que girava em torno de R$ 2.500 em 2008, de acordo com a Herzog Imóveis Industriais e Comerciais, saltou para mais de R$ 6.000 nos lançamentos mais luxuosos.
"Mas é importante destacar que, até 2008, os imóveis em Santos tinham um padrão bem inferior ao dos que começam a ser lançados hoje", diz Simone Santos, diretora de serviços corporativos da imobiliária.
E também há reflexos na locação comercial.
Estudo feito para a Folha pela consultoria Cushman & Wakefield projeta que o aluguel do m² em edifícios comerciais considerados classe A para os padrões da cidade suba cerca de 30% até o fim de 2012, passando dos atuais R$ 49 por mês para R$ 65.
Lembrando que, em Santos, muitos dos imóveis já considerados de bom padrão pela consultoria não oferecem tanta sofisticação quanto os que existem em mercados mais desenvolvidos, como os das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Está prevista, para o fim do ano que vem, a entrega de oito prédios comerciais apontados pela Cushman como classe A, sendo três voltados à instalação de grandes companhias -mais luxuosos- e cinco de escritórios para empresas menores.
Sete empreendimentos estão sendo construídos do zero, a maioria na orla. E um passa por reforma para modernização, no centro.
Hoje, de acordo com a Cushman, há apenas quatro edifícios classe A para os padrões de Santos, todos na orla, o que representa um estoque total de 29.000 m². Daqui a dois anos, serão 12, ou 130.000 m².

MAIS CONDIÇÕES
"Os prédios novos terão bem mais condições para acomodar as empresas que estão se instalando na cidade em razão do pré-sal e da expansão do porto", diz Mariana Hanania, gerente de pesquisa de mercado para América do Sul da Cushman.
Vale destacar que, mesmo que a valorização prevista se confirme, os preços ainda estarão bem abaixo dos praticados hoje para imóveis considerados classe A em São Paulo (onde o valor médio de locação do m2 está em R$ 92 por mês) e no Rio de Janeiro (com R$ 133 mensais).
"A Baixada passa por várias transformações. Era um elefante adormecido", diz Marcello Arduin, diretor de contrato da Odebrecht Realizações Imobiliárias, que lançou um empreendimento comercial no centro em 2010 e planeja erguer outros.
Mas Arduin faz uma ressalva em relação aos aumentos de preços dos imóveis: "Há um limite. É um elástico que você tem de saber quando parar de esticar".

Adensamento faz prefeitura frear ocupação na ilha

A Prefeitura de Santos tenta aprovar na Câmara Municipal um novo Plano Diretor para a cidade. A administração municipal tem pressa.
Quer resolver dois problemas: reduzir o adensamento na área insular (na ilha) e duplicar a área destinada a projetos para apoio portuário na faixa continental, de 8 para 16 quilômetros quadrados.
Com os 115 lançamentos em seis anos, a ocupação em Santos ganhou ritmo que ameaçava, em pouco tempo, o colapso do sistema viário.
O plano impõe redução de 10% da construção em toda a cidade.
Além disso, amplia limites em mais de 20% nos corredores com menos de 14 metros.
O pode público deve permitir afrouxar essa restrição em 5% se o projeto respeitar aspectos ambientais, como a criação de áreas não impermeabilizadas.
O mercado está cauteloso em relação às consequências da medida sobre os preços. O prefeito João Paulo Tavares Papa diz que a ação não vai inflacionar o mercado.
"Não acredito nisso. Um terreno vale pelo que pode ser construído nele, o que estamos fazendo é limitando mais as possibilidade de aproveitamento da área", afirma

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