Folha de São Paulo: Pré-sal inflaciona preços dos imóveis em Santos

Na edição deste domingo, Folha de São Paulo entra na onda do pré-sal e dá de barato a lenda do VLT:

27/03/2011 - Caderno Mercado p. B1 e B4

Pré-sal inflaciona preços dos imóveis em Santos

AGNALDO BRITO
CAROLINA MATOS

MOACYR LOPES JÚNIOR

DE SÃO PAULO



"Vendo 15 apartamentos e subo a tabela. Vendo 15 e subo a tabela! Nem ponha aí, mas tem um projeto que nem lancei e já vendi 30", diz Roberto Luiz Barroso Filho, sócio da Engeplus, tradicional construtora santista.
O impulso no mercado santista tem feito o método de reajuste de Barroso Filho virar norma entre as construtoras da cidade, até porque o custo para erguer os prédios (do terreno à mão de obra) segue a escalada.
Base da Petrobras para o comando do pré-sal na bacia de Santos e destino de US$ 6 bilhões em investimentos para expansão do maior porto do país, a cidade entrou no rol dos municípios com valorização imobiliária que beira a irracionalidade.
Em três anos, o preço de venda do metro quadrado do terreno duplicou, alcançando níveis entre R$ 5.000 e R$ 6.000. Uma área no Valongo -onde a Petrobras vai montar seu QG- agora vale fortunas.
O valor de venda do metro quadrado construído não fica atrás: alta de 100% em três anos. Mas ninguém aposta, por enquanto, que essa corrida esteja inflando uma bolha. É demanda, e firme.
"Não há bolha. Há muita demanda. Essa situação vai perdurar. Santos absorve ainda muitos lançamentos", diz Ricardo Stella, diretor comercial da Trisul. A empresa, que chegou a Santos em 2007, já ergueu dois prédios residenciais -um popular e outro para o público de classe alta. Este na Ponta da Praia, próximo à balsa e à entrada do canal do porto.
A meta da Trisul é lançar mais dois imóveis, um na região noroeste, menos nobre, e outro no bairro Embaré, com 56 unidades.

Foto: Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Operário trabalha na construção de prédio em Santos, litoral sul de SP; mercado descarta bolha imobiliária
Operário trabalha na construção de prédio em Santos, litoral sul de SP; mercado descarta bolha imobiliária
Essa corrida produz efeitos. A oferta de terrenos vagos cessou. A solução dos incorporadores tem sido negociar a compra de residências para transformar as áreas em endereços de novos espigões. O método de negociação conduz a uma situação inevitável: comprar terreno agora leva tempo.
"A negociação não é mais com um único dono. Às vezes, é preciso tratar com dez famílias, o que complica muito", diz Ricardo Stella, diretor da Trisul.
LIMITES
A cidade ruma para os limites da ocupação do território. A situação geográfica é um problema.
A maior parte de Santos fica no continente, onde 90% da área tem exigência de preservação ou de conservação ambiental e não pode ser ocupada.
Na ilha, há um último espaço onde ainda existem terrenos disponíveis: a zona noroeste. Um projeto do poder público -governos municipal, estadual e federal, em parceria com o Banco Mundial- para revitalização transformou a região em novo alvo das construtoras. É o derradeiro.

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