Áreas da União: a indisfarçável repulsa à pobreza


Tenho me manifestado neste espaço, seguidamente, acerca do "imbróglio" em que se transformaram as cinco áreas da União, nas Vilas Mathias e Belmiro,  em Santos, destinadas pelo governo federal, ao Município, para construção de moradias populares (ver post de ontem).
Após quase duas décadas de luta dos movimentos de moradia, para que estas áreas ociosas (portanto em desacordo com o artigo 182 da Constituição Federal) sejam convertidas em habitação para quem precisa, a Prefeitura parece estar adotando uma postura absolutamente questionável.
Após ter recebido documento da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), em novembro, com a minuta de contrato de cessão para a finalidade mencionada acima, a área jurídica da Prefeitura apresentou alguns senões, muito típicos de quem não tem muita pressa em resolver a questão. 
Mas o que mais provoca revolta nas lideranças dos movimentos, é a informação que teria partido de setores da administração municipal, de que "melhor seria" que a SPU aceitasse a permuta dessas áreas, para que as sonhadas habitações fossem construídas em outros locais (leia-se, o mais longe possível das vistas de quem não aprecia a idéia de dividir o espaço urbano com famílias de baixa renda).
Esta informação teria sido prestada por área da administração, que deveria ser responsável por construir moradias para famílias carentes. Mas, se confirmada a informação (vejam matéria no jornal A Tribuna de hoje, na p. A3), fica caracterizada plenamente a concepção de cidade que vigora no governo municipal: uma cidade que não reserva lugar para quem é pobre.

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