Excursão para Barcelona: déjà vu

Já perdi as contas do número de autoridades da Baixada Santista que partiram rumo a Barcelona, com a justificativa de coletar experiências nas áreas de gestão municipal e portuária. Desta feita, empresários, prefeitos, secretários municipais e sabe lá mais quem, integram uma numerosa comitiva, que promete render muita esqueixada com sangria.
Já mencionei neste espaço, que eu mesmo andei por lá, nos idos de 1995, em busca de saídas para a integração entre porto e cidade. Porém, por uma questão de bom senso, optei por poupar o erário.
Na época, a iniciativa não despertou qualquer interesse da imprensa, nem do empresariado. Mas sinto-me como um desbravador, um verdadeiro criador de tendências, pois agora, todos querem participar das seguidas excursões à capital catalã, sempre com direito a uma esticadinha estratégica para outro algum outro destino no Velho Mundo.
Passadas quase duas décadas, hoje vejo a questão com profundas reservas. Penso que há muito pouco a adaptar das experiências barcelonesas, à nossa realidade orçamentaria e institucional. Hoje sou avesso às tentativas de transposição de modelos estrangeiros, ainda que bem sucedidos (embora nem sempre), para a nossa realidade.
Não que não se deva estudar as experiências exitosas, mundo afora. Mas há que se evitar alternativas simplistas de adaptação das mesmas. Aqui nos trópicos, o buraco é bem mais embaixo e é muito mais viável produzirmos nossas próprias soluções, para nossos problemas específicos.
Aliás, após tanta gente daqui ter passado por Barcelona, não se viu uma ação, sequer, que tenha beneficiado a região, como produto destas viagens. Certamente, os "excursionistas" trouxeram muita coisa na bagagem, muita história para contar, mas nada de útil para a Baixada Santista. E nesta nova viagem a Barcelona, duvido que seja diferente.
Está na hora dessa gente sossegar o facho e encarar nossos desafios com mais objetividade e menos oportunismo.

Comentários

  1. Não é a primeira vez que vejo esses "programas de intercambio", hora é com Barcelona, hora é com Hamburg, hora Rotterdam, ou mesmo com as experiências com as experiências que Buenos Aires teve com Puerto Madero, mas parece que não muda muita coisa, me parece que na verdade é pretexto para viajar, enfim...

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  2. Aproveitando o tópico, hoje (20/05/2011) li uma reportagem no jornal Metro sobre o tal programa Faixa Viva, mas ao ler a reportagem é dito que fica no mundo da retórica, pois em boa parte a cidade a sinalização é precária, ou simplesmente não existe, abaixo o link para baixar a edição de hoje.

    http://publimetro.band.com.br/pdf/20110520_MetroSantos.pdf

    Obrigado.

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