Parou por quê? Por que parou?
O gráfico acima revela a questão central a enfrentar no processo de revisão do Plano Diretor de Santos: a estagnação da população. Como já demonstramos várias vezes, neste blog, há evidências de sobra que indicam haver um vínculo entre este fenômeno e o custo de vida na cidade, sobretudo em termos de habitação (aluguel e aquisição de imóveis).
Portanto, as cartas estão na mesa. E há duas vertentes de pensamento participando do jogo. Uma de orientação política claramente liberal e a outra de esquerda (com a qual me alinho).
A primeira, muito mais forte e vitaminada pelo setor imobiliário, considera que nada há a fazer, em termos de política urbana, para reverter esta questão.
Segundo os representantes desta corrente, o mercado, sempre ele, encarregar-se-ía de resolver a parada, pois a economia está crescendo e as famílias tendo seus rendimentos ampliados. Assim, mesmo sendo submetidas à mudança de bairros ou de município, as coisas se ajeitariam "naturalmente". Ou seja, morar em Santos é para quem pode.
A segunda corrente, de esquerda, considera a revisão do Plano Diretor uma das últimas oportunidades para intervir no mercado imobiliário, via política urbana, visando a fixação do maior número de famílias na cidade e, se possível, a reversão da tendência demonstrada no gráfico acima, que persiste desde a década de 1980.
Para esta vertente, o Estado, sobretudo o governo municipal, tem o dever de lançar mão de todos os instrumentos que o Estatuto da Cidade oferece, além das inéditas ofertas de finaciamentos disponíveis, via governos federal ou estadual, visando a produção maciça de moradias mais acessíveis.
Para nós, que defendemos esta posição, cruzar os braços neste momento, é condenar a região a um processo perverso de segregação espacial, com graves consequências para o meio ambiente e o trânsito, devido ao crescimento das áreas periféricas, provocado pela "centrifugação" de famílias de média renda, para estas localizações.
Portanto, o que está em discussão vai muito mais além do mero debate acerca da verticalização, como nos quer fazer crer a pesquisa divulgada pelo IPAT, analisada no post anterior.
Resta saber, quem vai bater primeiro, quando os projetos de lei forem votados na Câmara, em junho próximo.
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