A revisão do Plano Diretor de Santos e a pesquisa do IPAT

Em matéria publicada na edição de ontem, 8/5, na p. A4 do jornal A Tribuna, o jornalista Rafael Motta apresenta os resultados de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas de A Tribuna (IPAT), acerca do grau de conhecimento da revisão do Plano Diretor, em curso na Câmara Municipal de Santos.
Já mencionei isso, neste espaço, mas volto a dizer que este tipo de pesquisa teria sido muito bem vinda há dois anos atrás, quando a Prefeitura iniciou, com atraso, a revisão do Plano.
Infelizmente, o IPAT perdeu o timing e produz agora um estudo, que considero bastante superficial, acerca da compreensão que as pessoas possuem sobre o tema.
Diga-se de passagem, o jornal erra na mão, quando abre a manchete de primeira página afirmando que "santista ignora" o processo de revisão. Já a manchete da matéria, afirma que a "maioria ignora". Acho que os editores precisam chegar num acordo, afinal, se ninguém o a maioria ignora.
Mas mesmo com uma série de perguntas enviesadas, que a meu ver não permitem extrair da população suas preocupações mais relevantes, considero o resultado plenamente satisfatório, pois 70% dos entrevistados declararam desconhecer o assunto.
Pela complexidade tradicional, com que a questão urbana vem sendo lavada, aos cidadãos, considero este resultado uma vitória. E é uma vitória do Legislativo, pois em menos de um mês, já conseguimos mobilizar mais do que o dobro de pessoas, nas audiências públicas, se compararmos com o processo realizado pelo Executivo.
Diga-se de passagem, a pesquisa revelou a ampliação do número de pessoas que não apoiam a verticalização desmedida da cidade, comparativamente à pesquisa anterior do mesmo instituto. Certamente, contribui muito com este resultado a percepção que a sociedade tem do processo de verticalização absolutamente predadora, que ocorre em Santos.
Mas não ajuda muito questionar as pessoas, simplesmente, se são ou não favoráveis a prédios altos ou se estes devem ser proibidos ou limitados. Daí a importância das audiências públicas, pois estas são a oportunidade para que todos compreendam que é importante possibilitar a verticalização da cidade. 
O "x" do problema, não reside na verticalização em si. O nó está em perceber que o modelo de verticalização em prática há mais de uma década é por demais exagerado, seja do ponto de vista ambiental, seja do ponto de vista social. Afinal, trata-se de um processo de verticalização que só interessa para os donos de terrenos e para a minoria que possui recursos para morar nos luxuosos apartamentos. Os demais, os que residem em volta, ou os que não conseguem morar mais na cidade, ou nos bairros mais bem servidos por melhorias urbanas, amargam os impactos ambientais e horas e horas de congestionamentos.
e não vai ser a proliferação de estacionamentos que vai resolver a questão (ver matéria na página A5, da mesma edição do jornal). Ao contrário, mais vagas de garagem só vão piorar o problema.

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