Santos: verticalização e poluição

Importante reportagem da jornalista Alcione Herzog, publicada na pág. A7 da edição de 2/10 do jornal A Tribuna, com o título Poluição - Santos não fica para trás, traz uma informação que merece reflexão e destaque. A matéria compara os dados das primeiras medições da estação de análise da qualidade do ar instalada pela Cetesb, no Hospital Guilherme Álvaro, no Boqueirão, em Santos, em junho deste ano.
Segundo a fonte, "as médias mensais de material particulado inalável (MP10) e de ozônio captadas pela Cetesb por aqui superam os índices da estação posicionada no Centro de Cubatão em junho, julho e setembro" (ver gráfico acima).
Ainda conforme a Cetesb, "para o poluente dióxido de nitrogênio (NO2), o desempenho de Santos ficou pior que o do Centro de Cubatão, em junho". No mês seguinte, o resultado ficou igual e, em agosto e setembro, os índices foram ligeiramente melhores.
A reportagem revela que, no caso de Cubatão, "as indústrias contribuem para a presença dos poluentes", mas em Santos, "o vilão é o trânsito de veículos leves e pesados".
O professor de química da UniSantos, Adilson Lima Marques, ouvido pela jornalista, afirmou que "a frota crescente de veículos de passeio e a alta quantidade de caminhões velhos são as principais fontes de partículas em suspensão em Santos". Mas o mais relevante, nas considerações do professor, é que apesar da ventilação marinha ser importante para amenizar essa situação, em Santos "esse fator de proteção deixou de funcionar corretamente em função da barreira de concreto que se formou com a construção de prédios altos próximos à orla".
Após esta afirmação, eu gostaria muito de ouvir o que têm a dizer sobre a questão, as autoridades das áreas de planejamento e de meio ambiente do município, além dos vereadores que aprovaram, recentemente, a alteração da lei de uso e ocupação do solo, reafirmando o processo de verticalização predatória que tomou impulso desde a aprovação do plano diretor de 1998.
Durante o processo de revisão do plano, encerrado em julho último, a Câmara teve a oportunidade de debater várias propostas para redução do padrão de verticalização na cidade, mas atendeu, majoritariamente, orientação do Executivo, e manteve com leves mudanças este padrão.
Portanto, são estas autoridades que viraram as costas para a população, juntamente com a indústria automobilística e milhares de motoristas, os responsáveis pela qualidade imprestável do ar que respiramos nesta cidade, que repele uma das maiores riquezas que a natureza lhe deu, a brisa marinha.

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