A substituição da política pela matemática

Encerrado o período de troca-troca partidário e caça ao candidato puxador de votos, fica a clara sensação de que a política foi definitivamente substituída pela matemática, ciência capaz de permitir a avaliação da melhor ou pior composição de chapas proporcionais.
Que se lixem ideários e propostas, o que parece importar, neste momento, à maioria dos partidos, é a viabilidade de cada nome. Nomes que devem garantir maior participação em nossos tristes parlamentos municipais e de quebra a manutenção dos tubarões que há décadas neles se encastelam, alimentando suas ávidas clientelas, enraizadas nos Executivos.
Neste momento, pouco importam alternativas e ideias inovadoras para transformar nossas cidades em algo melhor do que amontoados de pessoas.
Exceções existem, nessa dança das cadeiras, mas me parecem cada vez mais eclipsadas em meio ao noticiário diário acerca do troca-troca.
Construídas as chapas, vamos agora a pior parte, o ano eleitoral, em que pouco espaço continuará a haver para o debate de ideias, capazes de verdadeiramente representar os desejos e aspirações da sociedade.
O que se assistirá então, proclamados os resultados, será a acomodação das clientelas à disposição dos interesses dos caciques que saírem vencedores.
Enfiar o dedo nessa ferida, cortando a linha de abastecimento de trocas de favores, já seria um bom mote para nossa reforma política. Trocar o ábaco pelas ideias, então, nem se fala.

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