Censo 2010: concentração de renda permanece na Baixada
O jornal A Tribuna publicou, em sua edição de hoje, à pág. A-3, matéria da jornalista Tatiane Calixto, com dados de rendimentos dos moradores dos municípios da Baixada Santista, segundo o Censo Demográfico 2010, do IBGE.
O estudo foi apresentado por Daniel Vazquez, professor da Unifesp e pesquisador do Observatório das Metrópoles - Baixada Santista, no lançamento do Movimento em Defesa do Direito à Cidade, ocorrido no SESC, na última quinta-feira, dia 8/12.
Segundo Daniel, as cidades do sul da região "são as que concentram as maiores taxas de populações abaixo da linha da pobreza (que vivem com R$ 70,00)". Conforme esta fonte, "Mongaguá, Peruíbe e Itanhaém lideram as taxas de famílias que vivem em pobreza extrema, com 3,9, 3,5 e 3,1, respectivamente".
Para efeito de comparação, Daniel cita que, na Capital, este número é de 1,1. Porém, a concentração da renda regional permanece expressiva, pois distante de todos os municípios está Santos, com 0,6% de população vivendo com menos R$ 70,00.
Segundo a matéria, "ampliando um pouco o foco e analisando os domicílios com renda de zero a um salário mínimo, temos à frente Mongaguá e Itanhaém, onde as taxas de pobreza passam dos 20% (20,3% e 20,6%, respectivamente)".
E ainda, "logo atrás, vem Peruíbe, com 18,6% de pessoas que recebem menos de um salário mínimo. Depois seguem, na nada animadora fila, Cubatão (17,5%), Guarujá (14,9%), Praia Grande (13,8%), São Vicente (12,8%), Bertioga (12,4%) e, por último Santos, com 7,3%".Na contramão dos índices da Baixada, Santos tem uma parcela de 6,5% de domicílios que vivem mensalmente com mais de R$ 10.900,00 (20 salários mínimos), e neste município ainda estão outros 49,4% de domicílios onde se ganha de 5 a 20 salários. A maior faixa é a dos domicílios com dois a cinco salários, 32,6%. A taxa dos mais ricos em Santos, aqueles que ganham mais de 20 salários, é seis vezes maior que São Vicente e Bertioga e dez vezes mais que em Cubatão e Mongaguá.
O gráfico acima, copiado da reportagem, demonstra com clareza a situação de concentração de renda apresentada por Daniel.
Mas o que me causou estranheza, na referida matéria, foi a análise do professor Jorge Manoel de Souza Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese),contida na matéria, segundo a qual, a renda elevada de santos seria "puxada pelos idosos que migram para a Cidade, pré ou pós aposentadoria, atrás de uma qualidade de vida". Além disso, para Pereira, Santos é uma cidade-pólo que recebe moradores ocupantes de cargos mais altos em outros municípios, por conta da infraestrutura. Até aí, nada de errado, mas creio que não é valida a tese da migração de idosos com maior renda, pois os dados de migração do Censo 2010 ainda não foram divulgados e se as tendências das últimas décadas permanecerem, o que está havendo é mais uma expulsão/não fixação de jovens, do que uma atração de mais velhos. Isto sim explicaria porque as famílias possuem mais renda, em Santos.
A matéria possui, também, uma análise incisiva deste processo de clivagem social, feita pela professora de Gestão de Organizações, Maria Cidália Ferreira. Merece ser lida.
O estudo foi apresentado por Daniel Vazquez, professor da Unifesp e pesquisador do Observatório das Metrópoles - Baixada Santista, no lançamento do Movimento em Defesa do Direito à Cidade, ocorrido no SESC, na última quinta-feira, dia 8/12.
Segundo Daniel, as cidades do sul da região "são as que concentram as maiores taxas de populações abaixo da linha da pobreza (que vivem com R$ 70,00)". Conforme esta fonte, "Mongaguá, Peruíbe e Itanhaém lideram as taxas de famílias que vivem em pobreza extrema, com 3,9, 3,5 e 3,1, respectivamente".
Para efeito de comparação, Daniel cita que, na Capital, este número é de 1,1. Porém, a concentração da renda regional permanece expressiva, pois distante de todos os municípios está Santos, com 0,6% de população vivendo com menos R$ 70,00.
Segundo a matéria, "ampliando um pouco o foco e analisando os domicílios com renda de zero a um salário mínimo, temos à frente Mongaguá e Itanhaém, onde as taxas de pobreza passam dos 20% (20,3% e 20,6%, respectivamente)".
E ainda, "logo atrás, vem Peruíbe, com 18,6% de pessoas que recebem menos de um salário mínimo. Depois seguem, na nada animadora fila, Cubatão (17,5%), Guarujá (14,9%), Praia Grande (13,8%), São Vicente (12,8%), Bertioga (12,4%) e, por último Santos, com 7,3%".Na contramão dos índices da Baixada, Santos tem uma parcela de 6,5% de domicílios que vivem mensalmente com mais de R$ 10.900,00 (20 salários mínimos), e neste município ainda estão outros 49,4% de domicílios onde se ganha de 5 a 20 salários. A maior faixa é a dos domicílios com dois a cinco salários, 32,6%. A taxa dos mais ricos em Santos, aqueles que ganham mais de 20 salários, é seis vezes maior que São Vicente e Bertioga e dez vezes mais que em Cubatão e Mongaguá.
O gráfico acima, copiado da reportagem, demonstra com clareza a situação de concentração de renda apresentada por Daniel.
Mas o que me causou estranheza, na referida matéria, foi a análise do professor Jorge Manoel de Souza Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese),contida na matéria, segundo a qual, a renda elevada de santos seria "puxada pelos idosos que migram para a Cidade, pré ou pós aposentadoria, atrás de uma qualidade de vida". Além disso, para Pereira, Santos é uma cidade-pólo que recebe moradores ocupantes de cargos mais altos em outros municípios, por conta da infraestrutura. Até aí, nada de errado, mas creio que não é valida a tese da migração de idosos com maior renda, pois os dados de migração do Censo 2010 ainda não foram divulgados e se as tendências das últimas décadas permanecerem, o que está havendo é mais uma expulsão/não fixação de jovens, do que uma atração de mais velhos. Isto sim explicaria porque as famílias possuem mais renda, em Santos.
A matéria possui, também, uma análise incisiva deste processo de clivagem social, feita pela professora de Gestão de Organizações, Maria Cidália Ferreira. Merece ser lida.
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