Investimentos estaduais em mobilidade na Baixada: discurso e prática

Durante mais de uma década vimos testemunhando reiteradas promessas de investimentos estaduais na melhoria da mobilidade, na Baixada Santista. A cada visita dos governadores que se sucedem e se revezam, ou de seus secretários, reafirmam-se expectativas de construção de pontes, túneis, VLTs, viadutos etc.
Por isso, da perspectiva dos interesses da região e do porto de Santos, não consegui encontrar muito sentido no anúncio feito na edição de 29/11, à pág. A-3, do jornal A Tribuna, referente à implantação da quinta faixa da pista ascendente da rodovia Imigrantes, entre o topo da serra e o Rodoanel, e outras obras correlatas.
Não que não seja necessária, se pensarmos o sistema apenas pela ótica do transporte rodoviário, mas a impressão que fica, é que o governo estadual desce a serra para fazer um discurso que convém aos interesses da região, mas no planalto paulista os investimentos são planejados para atender, prioritariamente, aos interesses mais gerais do estado.
A quinta faixa da Imigrantes tem mais importância para garantir a mobilidade de turistas que retornam ao planalto, a cada feriado ou temporada. Deste ponto de vista, considero estranho que a obra saia antes dos prometidos viadutos sobre a mesma rodovia, no trecho de São Vicente, ou de obras importantes, em Cubatão, como a duplicação do viaduto sobre a via Anchieta, no Casqueiro, ou a reconfiguração do trevo desta rodovia, no principal acesso ao centro desta cidade.
Nunca é demais lembrar que a área insular de São Vicente é dividida pela rodovia dos Imigrantes, provocando imensos prejuízos à integração urbana e à mobilidade da população residente nos bairros situados entre o estuário vicentino e aquela estrada, sobretudo em feriados e temporadas.
Também é de capital importância a ampliação da infraestrutura de acesso ao Casqueiro e aos bolsões, agora que o estado está removendo milhares de famílias dos bairros cota e adjacências, para estes locais.
Igualmente fundamental, é a melhoria do trevo próximo à refinaria, cujo geométrico é insuficiente para garantir o pleno acesso de veículos de carga ao pólo industrial.
Também merece ser citado o gargalo na entrada de Santos, sobretudo no que respeita ao entrelaçamento do transito de caminhões e veículos de passeio, no acesso à alamoa, na via Anchieta, que recentemente entrou na pauta de promessas não cumpridas.
Creio que os técnicos da Artesp deveriam dar uma volta pela Baixada, para rever seus conceitos.

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