Macaco sentado em cima do próprio rabo

Li na coluna Dia a Dia, da edição de 4/12, do jornal A Tribuna (p. A-4), que um vereador governista indignou-se com a notícia de que 60 famílias cubatenses que moram nas encostas da Serra do Mar poderão ser transferidas para o Morro da Nova Cintra, em Santos.
A informação partiu do diretor regional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), segundo o qual, as famílias devem ser transferidas para os conjuntos habitacionais a serem construídos na avenida Santista.
A transferência é decorrente do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, implementado pelo governo estadual, cuja logística não possibilita que cerca de 4 mil moradores de áreas de risco, em Cubatão, que serão removidos, sejam fixados no próprio município.
Mas o que achei estranho na indignação do parlamentar santista, não é sua reação diante da necessidade de remoção das famílias, em si, o que merece mesmo alguns questionamentos. Estranho que o edil não nutra o mesmo sentimento com relação à planejada transferência de cerca de 1.100 famílias, de favelas da Zona Noroeste de Santos, para empreendimento a ser construído pela COHAB Santista, a quilômetros de distância, no Tancredo Neves, em São Vicente.
Esta logística, bancada com recursos do PAC da Habitação, resultará no aumento dos deslocamentos pendulares diários de milhares de pessoas, afetando sua empregabilidade e seus laços sociais. Mas lamentavelmente os planos da COHAB vem sensibilizando pouca gente, em Santos. Talvez isto ocorra porque a velocidade da implantação do PAC, a cargo do município, é extremamente lenta. Mas no caso do vereador, é o típico caso do macaco sentado em cima do próprio rabo.

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