Desse jeito não vai andar

Excelente matéria (imagem acima) do jornalista Maurício Martins, sobre a mobilidade na Baixada Santista, ocupou duas páginas (A-4 e A-5) na edição de ontem, 1/4, do jornal A Tribuna. O foco da reportagem foi a revisão do Plano Viário Metropolitano (PVM), atualmente elaborada pela Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM).
O PVM foi elaborado originalmente em 2002, articuladamente com o Plano Cicloviário Metropolitano (PCM), elaborado em 2006. Neste trabalho foi identificado e consolidado o assim denominado Sistema Viário de Interesse Metropolitano (SIVIM-BS). Os documentos originais do estudo podem ser baixados aqui.
Este plano, extremamente ambicioso, definiu uma série de intervenções no sistema viário regional, que deveriam ser executadas em curto, médio e longo prazo (2026). Basta ler as planilhas apresentadas no PCM para concluir que muito pouco do que foi planejado foi efetivamente executado.
Reside aí a maior virtude desta matéria, pois ela deixou claro que, assim como outros, este plano foi engavetado. Resta saber, então, se o que está sendo elaborado atualmente terá o mesmo destino.
A reportagem, contudo, mostra que apesar de haver um plano, os municípios da região continuam a reivindicar desarticuladamente recursos para obras viárias em seus territórios, visando eliminar os vários gargalos viários existentes.
Alguns, como Praia Grande, até mesmo realizam obras, porém as mesmas, por estarem desarticuladas das demais, poderão apenas transferir os congestionamentos de lugar. No caso da obra que este município vem realizando na Avenida Ayrton Senna, com a falta de implantação dos viadutos da Rodovia dos Imigrantes, em São Vicente, é o que certamente ocorrerá, sobretudo nas voltas dos feriados e temporadas.
Mas a questão mais importante, a meu ver, não ficou clara. A matéria embora mencione o famigerado projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que só liga as áreas insulares de São Vicente e Santos, não evidencia que um plano viário com esta abrangência não deve ser elaborado sem que haja uma abordagem dos sistemas de transportes metropolitanos de passageiros.
Portanto, além de uma simples revisão do PCM, o que se espera da AGEM é a elaboração de um Plano Regional de Mobilidade Urbana. Esta é uma providência imperativa, sobretudo agora que a lei federal que instituiu a Política Nacional de Mobilidade entra em vigor.
Por último, merece menção o comentário do secretário de Planejamento de Santos, na referida reportagem, acerca do lendário túnel de ligação entre as zonas Leste e Noroeste de Santos. Creio que o titular da pasta não anda conversando muito com o chefe do Executivo, sobre a questão, pois este prestou declaração, recentemente, colocando-se desfavorável ao traçado projetado para a citada intervenção.
Diga-se de passagem, a revelação do prefeito, que merece um post específico para comentá-la, chegou um tanto tardiamente, uma vez que o mesmo vai completar dezesseis anos de governo, no final de 2012.

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