Juventude x atraso, outra falsa questão.

Prosseguindo com a avaliação do cenário das eleições municipais deste ano, iniciado no post "Técnica x política: a falsa questão", é importante comentar outra falsa dicotomia, muito em moda, segundo a qual todo jovem é portador da novidade e necessariamente carrega consigo o signo da renovação.
Mais uma vez, trata-se de uma armadilha típica de marqueteiros, tão verdadeira quanto uma nota de três.
Exemplos de jovens com cabeça velha existem às pencas. Conservadorismo e atraso não são atributos que se adquirem com a idade, pois normalmente são consequências da reprodução automática de posturas alheias, próprias dos que carecem de uma visão crítica da vida e replicam comportamentos sem maiores reflexões.
Por outro lado, avançar na idade não é sinônimo de caretice e tampouco de incapacidade de formular alternativas à mesmice que nos assola.
A questão é que o eleitor deve se dar o direito de refletir acerca das idéias, das quais os candidatos são portadores, mais do que do penteado, figurino ou falsas novidades, que muitas vezes são meras reelaborações de doutrinas surradas, que já foram condenadas ao lixo da história.
Uma dessas falsas novas idéias, muito em moda e que certamente vão ser usadas e abusadas na campanha deste ano, tem ares de um taylorismo reprocessado, segundo o qual a luz no fim do túnel é amestrar nossos jovens em cursos técnicos ou similares.
Fico arrepiado, com as consequências que um projeto desses causará em nossa juventude, se chancelado pelo eleitor.
O que está em jogo é a formação ou não de uma geração acrítica, amorfa, apertadora de botões, no pior estilo Tempos Modernos, sob os auspícios de uma suposta capacitação técnico-profissional, vendida numa embalagem modernizante e reluzente, com um suposto frescor, que mal disfarça o atraso de concepções há muito superadas..

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