Técnica x Política: a falsa questão
O ano político em Santos entra em período de definição de candidaturas, alianças e programas (pela ordem, infelizmente). E mais uma vez ressurge a surrada falsa dicotomia entre técnica e política.
A separação entre técnica e política é, na verdade, uma velha cantilena, muito usada por políticos de direita, com o objetivo de passar à opinião pública a ideia de que tudo que é político é sórdido e assim não merece respeito e consideração, e por outro lado, tudo que é técnico deve ser considerado acima de qualquer suspeita.
Assim, determinado postulante a cargo político, para limpar a barra com o eleitorado, assume ares supostamente técnicos e passa a externar, sempre que possível, sua ojeriza à política. Desta forma, o estratagema ideológico, no sentido marxista do termo, faz o eleitor desavisado considerar que determinados candidatos merecem mais confiança do que outros, por serem supostamente técnicos e abominarem a política, que, afinal, "não passa de coisa de gente oportunista e desonesta".
Ora, como afirmava Aristóteles, todo ser humano é um animal político. E obviamente, a atividade política em si nada tem de ilegítima ou condenável. Da mesma forma, a atividade técnica é inerente ao homem ou a mulher, que segundo seus campos de atuação dominam seus saberes e deles fazem uso, politicamente, durante toda a vida, ainda que distantes de espaços de disputa de poder.
A ilusão de que o técnico é confiável e de que o político é suspeito opera milagres nas campanhas eleitorais. Com um bom rótulo técnico, normalmente chancelado pela mídia e outras instituições, o candidato pode ir longe, pois suas ações passam a ser aceitas pelo eleitorado como altruístas e mediadas por saberes muito especiais, que não são passíveis de questionamento fora do mundo tecnológico. Daí ao voto, é questão de um pulo.
E não é tarefa nada fácil desmontar esta armadilha, urdida para vender candidaturas pouco assimiláveis, fossem outras as condições apresentadas.
Na disputa municipal deste ano, em que programas e propostas deveriam ser debatidos exaustivamente, para que o eleitorado pudesse formar juízo adequado acerca das candidaturas, já observo sérios indícios de que o estratagema volta a ser utilizado, tanto no pleito proporcional, quanto no majoritário.
Portanto, é tarefa dos que se preocupam com a transparência do processo, desmontar aqui e ali a falsa oposição entre o técnico e o político.
Mas esta não é a única armadilha que se coloca diante do eleitor. Outro estratagema poderoso é a falsa dicotomia entre juventude e atraso, segundo o qual, todo jovem é portador da novidade e não se deve confiar em quem tem mais de trinta, como cantava Marcos Valle. Sobre este assunto, falarei em outro post.
A separação entre técnica e política é, na verdade, uma velha cantilena, muito usada por políticos de direita, com o objetivo de passar à opinião pública a ideia de que tudo que é político é sórdido e assim não merece respeito e consideração, e por outro lado, tudo que é técnico deve ser considerado acima de qualquer suspeita.
Assim, determinado postulante a cargo político, para limpar a barra com o eleitorado, assume ares supostamente técnicos e passa a externar, sempre que possível, sua ojeriza à política. Desta forma, o estratagema ideológico, no sentido marxista do termo, faz o eleitor desavisado considerar que determinados candidatos merecem mais confiança do que outros, por serem supostamente técnicos e abominarem a política, que, afinal, "não passa de coisa de gente oportunista e desonesta".
Ora, como afirmava Aristóteles, todo ser humano é um animal político. E obviamente, a atividade política em si nada tem de ilegítima ou condenável. Da mesma forma, a atividade técnica é inerente ao homem ou a mulher, que segundo seus campos de atuação dominam seus saberes e deles fazem uso, politicamente, durante toda a vida, ainda que distantes de espaços de disputa de poder.
A ilusão de que o técnico é confiável e de que o político é suspeito opera milagres nas campanhas eleitorais. Com um bom rótulo técnico, normalmente chancelado pela mídia e outras instituições, o candidato pode ir longe, pois suas ações passam a ser aceitas pelo eleitorado como altruístas e mediadas por saberes muito especiais, que não são passíveis de questionamento fora do mundo tecnológico. Daí ao voto, é questão de um pulo.
E não é tarefa nada fácil desmontar esta armadilha, urdida para vender candidaturas pouco assimiláveis, fossem outras as condições apresentadas.
Na disputa municipal deste ano, em que programas e propostas deveriam ser debatidos exaustivamente, para que o eleitorado pudesse formar juízo adequado acerca das candidaturas, já observo sérios indícios de que o estratagema volta a ser utilizado, tanto no pleito proporcional, quanto no majoritário.
Portanto, é tarefa dos que se preocupam com a transparência do processo, desmontar aqui e ali a falsa oposição entre o técnico e o político.
Mas esta não é a única armadilha que se coloca diante do eleitor. Outro estratagema poderoso é a falsa dicotomia entre juventude e atraso, segundo o qual, todo jovem é portador da novidade e não se deve confiar em quem tem mais de trinta, como cantava Marcos Valle. Sobre este assunto, falarei em outro post.
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