Cubatão: nem tudo são guarás vermelhos

A reportagem da Globo, que pode ser assistida aqui, compõe uma série apresentada na semana passada, sobre os riscos da ação do homem sobre a Serra do Mar, em São Paulo.
Esta, em especial, enfoca Cubatão e traz más notícias, que normalmente não são divulgadas na imprensa local. Segundo a matéria, nos últimos 12 meses a CETESB aplicou 31 multas nas empresas do pólo industrial deste município, algumas delas por poluição das águas.
A CIESP vai espumar, a Prefeitura vai ficar indignada, e todos vão querer quebrar o termômetro para curar as causas da febre.
Os governos estadual e federal, naturalmente, vão dizer que não é com eles e que já estão fazendo seu papel.
Na mesma matéria, aborda-se a questão da migração de trabalhadores para a construção da unidade de gás de Caraguatatuba. É didático, pois na Caraguá de hoje, ocorre o efeito Smirnoff, com relação a Cubatão.
Leia abaixo e assista o vídeo.


Edição do dia 08/06/2012
07/06/2012 09h57 - Atualizado em 07/06/2012
Neide Duarte

Qualidade do ar em Cubatão continua a pior de São Paulo


Despejo de metais pesados no rio da cidade contaminou o solo, a água superficial e as águas subterrâneas.


Em Cubatão a indústria poluiu tanto as águas e o solo que mesmo anos depois de ações para diminuir os impactos a qualidade do ar da cidade ainda é a pior do estado de São Paulo.

A área do antigo lixão de Cubatão está contaminada por metais pesados e os chamados POPS (Poluentes Orgânicos Persistentes), substâncias químicas que não se degradam no meio ambiente e se acumulam nos organismos vivos.

Quem despejou esses produtos foram as indústrias de Cubatão nos anos 70 e 80. A contaminação atingiu o solo, a água superficial e as águas subterrâneas.

As questões ambientais continuam a ser um problema em Cubatão. É nesta cidade em que se registra a pior qualidade do ar do estado de São Paulo. Nos últimos 12 meses a CETESB aplicou 31 multas por infrações ambientais nas empresas do parque industrial. Muitas dessas multas, pelo lançamento de poluentes no Rio Cubatão.

Por ordem judicial, todos os moradores do bairro da Água Fria, que fica dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, terão que sair. Enquanto aguardam por novas moradias, construídas pelo governo do estado, muitas pessoas estão sendo multadas.

O bairro de Água Fria se espalhou debaixo da Rodovia dos Imigrantes. Do outro lado do rio Cubatão está Pilões, bairro que cresceu na encosta de uma montanha e já sofreu vários deslizamentos. Em uma rua do bairro, todas as casas foram demolidas pela Defesa Civil devido ao risco iminente de deslizamentos de terra das montanhas. As pessoas que saíram estão recebendo um auxílio-aluguel de R$ 400. Com esse valor, elas só conseguiram alugar outra moradia no mesmo bairro.

Pilões está fora dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar e o governo do estado ainda não tem previsão para tirar os quase 3 mil moradores. O cronograma de saída das 5,3 mil famílias que vivem nos bairros-cota está atrasado. A maioria das famílias foi morar lá durante a construção da Via Anchieta. Agora a história se repete com o Pré-Sal.

“Vai haver um impacto grande com relação às famílias que não se qualificam, que não têm condição de ocupar aqueles cargos de trabalho, que a gente sabe que originam essas invasões como temos aqui nos bairros-cota e as ocupações de todo o litoral paulista”, diz Fernando Chucre, coordenador do Programa Serra do Mar.

Em Caraguatatuba, por onde se anda só encontra pessoas desempregadas, que perderam o emprego dos seus sonhos: a Petrobrás.

Assim que a unidade de tratamento de gás da Petrobrás ficou pronta e os operários foram demitidos, uma outra obra teve início na mesma planície de Caraguatatuba: a construção do maior shopping do litoral norte de São Paulo. Só que os operários desempregados não foram aproveitados.

Segundo o coordenador do Programa de Recuperação Sócio-Ambiental da Serra do Mar, o cronograma inicial de remoção de moradores teve que ser mudado. O governo do estado diz que todas as famílias do Bairro da Água Fria serão removidas até 2014.

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