Efeito bilhar

Há mais de quatro anos o arquiteto e urbanista João Meyer, ao analisar o processo de expulsão/não-fixação da população de menor renda na Zona Leste de Santos, cunhou a expressão "efeito bilhar".
Na época, quando se iniciava a discussão da revisão do Plano Diretor de Santos, Meyer, que atualmente professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAUSP), apresentou uma série de propostas para frear este processo.
Estas propostas, com alguns ajustes foram desenvolvidas pelos representantes do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP), em Santos, e apresentadas à Prefeitura, no âmbito da revisão do Plano.
Junto com tantas outras semelhantes, apresentadas pela sociedade civil, estas propostas foram ignoradas pela maioria dos vereadores da Câmara e acabaram rejeitadas.
Na edição de hoje de A Tribuna, conforme matéria reproduzida abaixo, o assunto voltou à tona, com a informação de que os preços dos imóveis na Zona Noroeste dobraram em um ano.
Na atual campanha eleitoral, apenas a candidata a prefeita pelo Partido dos Trabalhadores, Telma de Souza, tocou no assunto de forma direta, em sua propaganda de TV e em seu Programa de Governo.
Por outro lado, os candidatos que possuem mais viabilidade eleitoral, infelizmente se calam.
Talvez considerem que os que poderiam reclamar políticas contra a expulsão/não-fixação, já não moram em Santos e, portanto, não votam aqui.
Mas a questão é grave e certamente vai influir no voto de muitas famílias, especialmente as formadas por jovens casais, que não encontram alternativa para continuar vivendo em Santos.
A conferir.

Valorização

Preços de imóveis na Zona Noroeste de Santos dobram em apenas um ano

Michella Guijt
A valorização imobiliária avança da orla santista para a Zona Noroeste (ZN). Em um ano, o preço médio do metro quadrado nessa região, amplamente dominada por casas, dobrou.

“Em 2011, o preço do metro quadrado de um terreno na ZN variava de R$ 300,00 a R$ 400,00. Hoje, subiu para R$ 600,00 a R$ 800,00”, afirma o corretor de imóveis José Manoel Vieira, que atua no lado Noroeste há 33 anos.

O aumento nos preços é confirmado por Jussara Coelho Duarte, outra corretora de imóveis da área. “Hoje, o valor médio de uma casa na ZN varia de R$ 220 mil a R$ 550 mil. Há um ano, o custo destes imóveis equivalia à metade”, diz.
Dependendo do local, os valores ficam ainda mais salgados. “Uma casa de 160 metros quadrados de área construída, no Bom Retiro, custa até R$ 870 mil”, informa Vieira. Além do Bom Retiro, os bairros mais valorizados são o Santa Maria e a Vila São Jorge. “Os imóveis de menor valor ficam mais afastados da Avenida Nossa Senhora de Fátima e da entrada da Cidade, como Areia Branca, Castelo e Rádio Clube”, explica Jussara.

Reflexo

Segundo a corretora, a alta nos preços é reflexo do boom imobiliário no lado leste santista. “Até mesmo os imóveis mais distantes da praia ficaram muito mais caros. Essa valorização, motivada pelos investimentos anunciados para a Cidade por causa do pré-sal, também está chegando ao outro lado de Santos”, comenta Jussara Coelho Duarte.

A onda inflacionária no mercado imobiliário da ZN ainda tem outra causa: a procura por unidades mais baratas. “Mesmo com todo este aumento (nos preços), uma casa na Zona Noroeste sai pela metade do preço, na comparação com o lado leste”, conta José Manoel Vieira.

Sobrepostas
Basta percorrer até mesmo as quadras mais afastadas da Avenida Nossa Senhora de Fátima para notar o aumento de construções novas na ZN. “A procura por casas geminadas e sobrepostas aumentou 20% nos últimos 12 meses. E o crescimento só não foi maior devido à alta nos preços”, alega o engenheiro civil Acácio Fernandes Egas. Atualmente, ele responde por seis projetos de construção de casas geminadas e sobrepostas em localidades diferentes.

“Três casas estão sendo erguidas entre os bairros Bom Retiro e Santa Maria. O restante fica entre Rádio Clube e Areia Branca. Ou seja, o mercado imobiliário da ZN oferece oportunidades para todos os bolsos”, conclui Egas.

Leia a matéria original aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Remoções na Entrada da Cidade: o que houve com o Conjunto Habitacional da Prainha do Ilhéu?

Como as avenidas morrem

APA Santos Continente: reavivando a memória