"Limpeza" no centro?

Em post recente prometi que iria retomar a questão da escolha de Santos como subsede da Copa de 2014. E um relato que recebi hoje me faz antecipar a questão.
Soube que assistentes sociais da Prefeitura de Santos estão visitando imóveis supostamente ameaçados de desabamento, no Paquetá, e convidando as famílias residentes, todas de baixa renda, a se retirar.
É claro que devem estar oferecendo alguma esmola do tipo auxilio aluguel, achando que isto resolve a situação. Mas como até agora não se sabe de qualquer novo projeto habitacional na área, é certo que os que saírem, em breve estarão se instalando em alguma outra residência em situação de risco.
Mas o que a Copa tem a ver com isso? Tem a ver que com o evento, toda a área central vai ficar ainda mais atraente para empresários do ramo imobiliário investirem. E o processo atual, em que vários lançamentos imobiliários nesta área começam a decolar, tende a conflitar com programas que objetivam fixar famílias de baixa renda no centro.
Portanto, paranóias a parte, qualquer desocupação de cortiço nesta região cumpre este papel perverso de limpar a área.
Tudo isso ocorre ao arrepio da nova Lei Federal de Proteção e Defesa Civil, que obriga o Poder Público a prover de moradias famílias vitimadas por processos de remoção, como o que ocorre agora.
A Comissão de Habitação da Câmara acompanha a questão de perto e já avisou que vai intervir, no sentido de garantir a estas famílias, o direito constitucional a moradia.

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