SAIPEM: um elefante na loja de cristais

Um projeto de alto impacto vai dar o que falar, nos próximos meses. Trata-se do empreendimento da multinacional italiana SAIPEM, a ser instalado em área do antigo porto da Nobara, no Complexo Industrial Naval de Guarujá (CING), conforme foto acima.
Sem divulgação adequada, o EIA RIMA do empreendimento será discutido, em apenas uma audiência pública, a ser realizada nesta noite, na Unaerp, no Guarujá.
A SAIPEM vai trazer tubulações fabricadas no interior, para instalações offshore, para exploração de petróleo na Bacia de Santos. Até aí, muito bom.
O porém é que o acesso das carretas durante a fase de construção do empreendimento e depois, quando seriam trazidas as tubulações ao novo terminal, situado na entrada do Canal do Porto, na margem esquerda, deve ocorrer por meio de balsas.
Embora os documentos oficiais não mencionem isto, fui informado de que restrições supostamente impostas pela Prefeitura do Guarujá levaram a empresa a planejar esta solução de transporte.
E uma das opções para isto seria por meio de carretas, que chegariam na área onde hoje se localiza o Terminal Pesqueiro Público de Santos (TPPS), junto ao terminal das balsas da DERSA, via Avenida dos Portuários (atual Mário Covas).
Assim, seria construída uma "gaveta" de atracação de balsas de cada lado do estuário e durante a madrugada seria realizado o transporte das tubulações.
Contudo, o RIMA menciona a utilização das próprias balsas da DERSA para esta operação.
Até onde este blogueiro foi informado, nem o Ministério da Pesca em Santos foi consultado, nem tampouco o Conselho Gestor do TPPS. Será que a DERSA foi?
Menciono esta questão, pois esta logística demandaria ou a utilização do sistema de balsas da DERSA, ou de uma área do TPPS. Neste último caso, as tubulações chegariam em uma nova "gaveta", a qual teria que ser construída na frente do TPPS, eliminando, assim, os planos de expansão que prevêem um novo pier de atracação para  barcos de pesca e a ampliação da ocupação do terreno, com novos edifícios.
Mas seja lá qual for a solução para a travessia, o maior impacto, sem dúvida, será o aumento do trânsito de carretas na perimetral e demais vias portuárias da margem direita, além do cruzamento do canal, pelas novas balsas, que ocorreria de madrugada.
O RIMA menciona de 30 a 60 carretas entre meia noite e 5 horas da manhã. O que será que a CET tem a dizer sobre a questão?
Resta saber se tais aspectos serão discutidos na audiência desta noite, pois o RIMA não é muito claro a este  respeito.
De fato, ao que parece, o município de Guarujá quer ficar com o filé e deixar o osso deste lado do estuário.

Comentários

  1. Muito Pertinente o seu Artigo,

    Na qualidade de membros do Conselho do Clube Internacional de Regatas estivemos presentes eu e demais companheiros na Audiência Pública do Projeto SAIPEM. Como fazemos parte da Comunidade de Sta. Cruz dos Navegantes onde nossa Sede Náutica está localizada há mais de 60 anos, levantamos diversos questionamentos sobre os impactos que certamente ocorrerão naquela área de aproximadamente 17 mil moradores e pescadores. O projeto prevê realmente uma solução logística que imputa a Santos todo o ônus de centenas de carretas que vão trazer material até o entreposto de pesca de santos onde as mesmas serão embarcadas em balsas, sempre de madrugada, para levá-las até a área do CING. Ou seja, o município de Guarujá fica com o bônus da arrecadação da atividade e Santos com o ônus das centenas de carretas no seu esgotado sistema portuário e o barulho dos transportes por balsa de madrugada. Chama atenção ainda a celeridade com que o projeto vem tramitando nos diversos órgãos. Por que tanta pressa? É preciso envolver mais e dar maior transparência aos munícipes dos dois municípios que serão fortemente impactados pela instalação de uma indústria Metal Mecânica Pesada que será localizada no estuário do Porto, ao lado de bairros já em condições precárias de habitabilidade, com área de manobra de navios e embarcações complexa e com fortes impactos para toda a comunidade. Com a palavra nossos Prefeitos e Vereadores e ainda os órgãos Ambientais. Também é preciso provocar a Participação sempre importante do Ministério Público nesse processo de maneira a prevenir eventuais danos irreparáveis como aqueles que já estão visivelmente sendo observados com a dragagem do porto de Santos.
    Atenciosamente
    Márcio Valdívia

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  2. Lélio Marcus Munhoz Kolhy3 de novembro de 2012 às 07:38

    Audiência pública sobre o EIA/RIMA do empreendimento “Implantação do Centro de Tecnologia e Construção Offshore”, de responsabilidade da SAIPEM do Brasil (Processo 51/2012), para o dia 22 de novembro de 2012, às 17h, no auditório da UNISANTOS – Universidade Católica de Santos, Rua Dr. Carvalho de Mendonça, nº 144, Encruzilhada, Santos/SP.

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  3. É imprescindível prestarmos atenção ao que vem acontecendo em função da implantação da Saipem. O impacto já inicia-se fortemente quanto ao sossego e respeito aos horários, pois o "bate-estacas" trabalha ao bel prazer da empresa, sem considerar nenhum tipo de horário. É final de semana, sábado, cedo, tarde, durante a semana, após 19 hs, desmando total...

    Como síndica e residente num condomínio próximo à balsa, rogo ajuda às autoridades santistas no sentido de, ao menos, regularizarmos essa situação tão inconveniente.

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