Estradão: SABESP e CDHU não se entendem e quem paga o pato são os moradores

A edição de ontem de A Tribuna estampou o incrível caso da individualização das contas da SABESP, no conjunto habitacional da Companhia de Desenvolvimento Urbano e Habitacional do Estado de São Paulo (CDHU), no Estradão, Zona Noroeste de Santos (veja acima).
Acompanho esta questão desde que o conjunto foi inaugurado e os fatos concretos revelam uma mistura de incompetência e falta de compromisso social, por parte das duas empresas estaduais, que deveriam priorizar condições decentes de moradia para famílias de baixa renda, em detrimento de normas e tecnologias que mais atrapalham do que ajudam.
Mas o drama destas famílias, que não estavam acostumadas com a vida em condomínio, é resultado do abandono das políticas sociais pelo governo de São Paulo. É inadmissível que os moradores do Estradão até hoje não contem com medição individualizada da água, enquanto SABESP e CDHU não se entendem.
O resultado é que a cobrança do consumo d'água pelo sistema de rateio desestimula a economia e costuma onerar demais as despesas. Isto, para famílias de baixa renda, pode ser decisivo para fazê-las voltar para a favela, jogando por terra esforços de vinte anos de luta pela urbanização do Estradão.
Entendo que a SABESP queira facilitar a própria vida, criando uma forma mais simples de realizar a medição do consumo, mas isto não pode ser mais importante que os programas sociais do estado e do município.
Aliás, também não compreendo a passividade da Prefeitura em torno desta questão, pois o terreno doado à CDHU, onde foi construído o conjunto, era próprio municipal, fruto de desapropriação realizada pelo prefeito David Capistrano, em 1995. Além disso, parte da demanda atendida era do cadastro municipal de habitação. Sendo assim, o município deveria cobrar a sustentabilidade do empreendimento, que não se esgota na entrega das chaves, mas deve ser acompanhado por anos, impedindo a substituição por população de renda mais alta.

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