O crescimento da favelização em Santos

A matéria acima, publicada na página A-3 da edição de hoje, em A Tribuna, aponta o crescimento de domicílios em assentamentos precários, em Santos.
Segundo a reportagem, houve "um incremento de 79,5% em moradias precárias nos 24 núcleos cadastrados pelo IBGE", na comparação entre os dados dos Censos Demográficos 2000 e 2010.
A questão é de grande relevo e gravidade e por isso não comporta distorções. Assim, faço aqui a ressalva de que o IBGE mudou alguns critérios com relação a ambos os censos. Entre estas mudanças, destaca-se a metodologia de classificação de setores censitários como assentamentos "subnormais".
O próprio conceito de subnormalidade não é mais aceito nos meios técnicos, que adota o conceito de "precariedade", definido pela Política Nacional de Habitação de Interesse Social, no âmbito do Ministério das Cidades.
Feita esta ressalva, aproveito o ensejo para parabenizar a jornalista responsável pela matéria, uma das mais brilhantes em atuação na Baixada Santista. Para não fugir à regra, Alcione Herzog aborda com imensa propriedade a questão e desvela o que muitos negam ou tentam disfarçar: o imenso abismo social construído ao longo das décadas, na mais rica cidade da região.
Esta situação conta com a colaboração de uma política urbana equivocada, que aprofunda o fosso, ao invés de aterrá-lo, ao induzir a produção de moradias voltadas unicamente às famílias com maiores rendimentos e apresentar uma produção habitacional estatal voltada à baixa renda pífia e lenta.
Nos próximos posts pretendo examinar a questão com mais detalhes, pois o assunto é de grande pertinência, agora que a cidade se prepara para a transição entre governos, em que pese o fato de que no atual, a política habitacional tenha ficado a cargo do mesmo partido que será hegemônico nos próximos quatro anos.

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