A incineração dos resíduos da Rhodia

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O texto acima é do editorial publicado na edição de hoje de A Tribuna, acerca da incineração dos resíduos tóxicos da Rhodia. O caso é gravíssimo e bem antigo, com muito acumulo de discussão e muita luta pela remediação do estrago provocado pela disposição criminosas destes resíduos em vários pontos da Baixada Santista. Portanto, não vou ser repetitivo, mas não posso me furtar a comentar dois aspectos acerca do referido editorial, que considero importantes.
O primeiro é que não há qualquer evidência de disposição de "lixo radioativo", no que respeita a este caso. Portanto, creio que houve um equívoco ao se mencionar a ameaça deste tipo de resíduo.
A outra questão é que os principais contaminantes encontrados nos aterros clandestinos já mapeados são o Hexaclorobenzeno (HCB) e o Pentaclorofenol (PCP), ambos carcinogênicos e extremamente nocivos aos organismos vivos. Além destes contaminantes, outros mais voláteis foram identificados, mas em função desta característica já foram dispersos.
O PCP tem vida mais curta no ar, no solo e em águas superficiais. Portanto, é possível que o maior estrago já tenha ocorrido há décadas, não sendo a incineração dos resíduos da estação de espera da Rhodia que vai nos livrar de seus males.
Quanto ao HCB é altamente tóxico e pode provocar problemas de saúde,  inclusive repercutindo na mortalidade infantil. Este contaminante acumula-se nos organismos vivos e no nosso caso pode ter provocado sérios desdobramentos no tocante ao consumo de frutos do mar e pescados do sistema estuarino da área central da Baixada Santista. Desta forma, também não será esta incineração dos resíduos que vai reverter este quadro.
Diga-se de passagem, estima-se que mais de 30 mil toneladas de resíduos estejam acondicionados na estação de espera. Portanto, a anunciada incineração das 760 toneladas se refere a pequena parte deste volume, que hoje se encontra razoavelmente controlado.
Para quem quiser se aprofundar na questão, recomendo o estudo do professor Alfésio Luís Ferreira Braga, da Unisantos, que apresenta uma análise da exposição a resíduos oriundos do Polo Industrial de Cubatão, ainda presentes em poeira, solo e água e no sangue dos moradores de algumas áreas do Estuário de Santos e em Bertioga (imagem abaixo).
A pesquisa, divulgada em 2010, foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unisantos, a pedido do Ministério Público. 

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