65% dos moradores de favelas no Brasil são de classe média, aponta estudo

Conforme reportagem que reproduzo abaixo, estudo do Instituto Data Popular revela que 65% dos residentes nas favelas brasileiras pertencem à dita classe média.
Obviamente, o estudo não relaciona o conceito de classe média com o de classe burguesa, da teoria econômica marxista.
De qualquer forma, o avanço em termos de rendimentos da população das comunidades é expressivo nos últimos anos e vem implicando em relevante reconfiguração socioeconômica destas áreas, com desdobramentos importantes para fins de intervenção, por parte do Poder Público.
Leia o original aqui


Os números das favelas brasileiras

Da Carta Capital

O Brasil tem hoje 12 milhões de pessoas vivendo em comunidades ou favelas. Elas são responsáveis por movimentar 38,6 bilhões de reais por ano, gastos equivalentes, por exemplo, ao PIB da Bolívia. Se formassem um estado, as comunidades seriam o quinto mais populoso da federação brasileira; só as do Rio de Janeiro formariam, juntas, a nona maior cidade do país.
Os dados, divulgados nesta quarta-feira 20, são resultado da pesquisa DataFavela, estudo feito pelo instituto Data Popular em parceria com Celso Athayde,  ex-dirigente da  Central Única de Favelas (CUFA), e se baseia em uma projeção que cruzou dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) .
O estudo revelou que a maior parte dessas comunidades se concentra nos grandes centros, mas a região Norte é a que tem a maior porcentagem de população vivendo nessa situação, cerca de 10%.
A média de idade é de 30 anos, 3 anos a menos do que o apontado pelo último estudo. A cor autodeclarada predominante continua a ser a negra, com um aumento de 61% para 67% de pessoas que assim se autodeclaram. O número de negros na periferia é maior do que dentro da população em geral: 67% contra os 52% no país inteiro .
Em 2001, 60% dos moradores das comunidades pertenciam à classe baixa e 37% à classe média. Hoje são 32% na classe baixa e 65% na classe média.
Também houve uma ascensão no nível de escolaridade, com o número de analfabetos caindo de 51% para 33%.
 Data Base
Estudo constatou aumento no nível de escolaridade. Fonte: Data Base
Os moradores têm orgulho do lugar onde vivem, segundo o instituto: 85% gostam do lugar onde moram, 80% têm orgulho de onde vivem e 70% deles continuariam a morar na comunidade, mesmo se a renda dobrasse. Em um relato, presente no estudo paralelo Geração C – Especial Comunidades Cariocas, Paula, de 18 anos, casada e mãe de uma menina de 2 anos, moradora de uma favela do Rio de Janeiro expressa o sentimento “Na comunidade, acho ruins os tiroteios e o tráfico,  mas sempre morei aqui e quero continuar aqui porque toda a minha família está pertinho. Aqui, todo mundo ajuda todo mundo”.
A infraestrutura melhorou significativamente nos últimos 10 anos, segundo o estudo. Em 2002, apenas 6 em cada 10 pessoas tinham acesso a água canalizada; agora o número passou para 9 em cada 10, um aumento de 50%. A porcentagem de pessoas que usufruem da coleta de lixo coletiva chegou em 80%, quando em 2002 apenas 40% recolhiam seu lixo e de maneira indireta.

Comentários

  1. Não sei se dou risada ou se me admiro com os malabarismos do IBGE pra dizer que o morador da favela é classe média, apesar do aumento do consumo de eletrodomésticos e eletrônicos sabemos muito bem que isso não significa uma melhora real na vida dessas populações em áreas sem infra-estrutura e outros serviços.

    Quem ganha 291 reais per capta não é classe média nem aqui e nem na Índia, pelo contrário, no máximo se considera isso como um limite entre o nível da miséria e da pobreza. Isso só pode ser coisa do governo pra dar uma falsa sensação de integração do pobre na sociedade. Ou alguém consegue viver dignamente com 700 reais, mesmo que se viva sozinho?

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