A morte dos shoppings centers nos EUA e o prenúncio do fim do varejo presencial

Do jornal eletrônico GGN seleciono este post interessante, que aborda matéria do Estadão, acerca da morte dos shoppings centers nos EUA e as mudanças no varejo, em função do comércio pela internet.
Trata-se de um desafio, mas também uma oportunidade para os urbanistas, que lutam pela recuperação do papel dos centros das antigas cidades, entender e decodificar este fenômeno.
Boa leitura:

Os centros comerciais mortos da América

Jornal GGN - No sábado, o Estadão Economia publicou um artido de James Greiff sobre os "dead malls", centros comerciais mortos. Unidades que a América coleciona aos milhares, com destaque para os Estados Unidos. O autor lembra que 2007 foi o primeiro ano em quatro décadas em que o país de Barack Obama não ergueu nenhum centro comercial de grande porte. Desde lá, só em 2012 um shopping center foi construído na região. O GGN reproduz abaixo a tese de Greiff.

Do Estadão

O desinteresse americano por shopping

Na semana passada o Slate publicou fotos de enormes shopping centers decadentes, vazios, que fazem parte de um novo livro, Autópsia da América.

As imagens são impressionantes e o momento não podia ser melhor. Os grandes centros comerciais erigidos nas áreas suburbanas e hoje abandonados estão na moda. Um grupo do Facebook, The Dead Malls Enthusiasts (Os entusiastas dos centros comerciais defuntos) conta com 14.000 membros. Uma pesquisa no Google sobre os “dead malls” (centros comerciais mortos) produz 5,7 milhões de resultados. E os interiores desolados dessas mecas do varejo continuam a aparecer nos thrillers e filmes de terror.

As fotos chamam a atenção para algumas mudanças fundamentais da América suburbana e da experiência do varejo, embora os urbanistas que esperam que esses shoppings esvaziados contribuam para a revitalização do centro da cidade possam se decepcionar. A realidade é mais complexa.

Alguns aspectos devem ser levados em consideração. Uma raça em extinção: o que alguns escritores costumam chamar de “centro comercial” acabou. Tente encontrar alguém pensando em abrir um novo shopping center regional, esses edifícios com mais de 100 lojas circundados por uma enorme área de estacionamento. Desde 1990, quando um espaço de compras de 1,489 milhão de metros quadrados foi aberto, os centros vêm decaindo e 2007 foi o primeiro ano em mais de quatro décadas em que nenhum shopping foi inaugurado nos EUA. Apenas um foi aberto desde então, em 2012.

As modalidades de desenvolvimento urbano menos sustentáveis do passado - centros comerciais, parques empresariais e avenidas de comércio - vêm sendo cada vez mais reformuladas dando lugar a espaços mais urbanos e sustentáveis, com prédios e espaços que fomentam a colaboração comunitária, a diversidade e reduzem o tráfego.

Há apenas um problema. Os shoppings em decadência estão localizados em áreas onde toda a economia local está em frangalhos, o que torna difícil ver como o varejo urbano se beneficiará. Na verdade, alguns desses shoppings defuntos estão no centro de cidades que adotaram o modelo de shopping suburbano tentando em vão trazer as pessoas de volta para o centro.

Não é coincidência o fato de que 5 das 10 áreas metropolitanas com crescimento mais lento, citadas num recente estudo encomendado pela Conference of Mayors dos Estados Unidos, estão ao norte do Estado de Nova York. A Pensilvânia é a próxima na lista de centros em extinção, com 28. Illinois e Ohio empatam, com Compras online. Um fator óbvio.

A internet está fazendo com os shoppings o que eles fizeram com os centros das cidades. Tudo o que a J.C.Penney - clássica rede de lojas - vende, a Amazon.com oferece por um preço menor. A Amazon também se dá ao luxo de ter acionistas muito pacientes que não exigem lucros imediatos.

Compra online é uma força que poucas lojas convencionais conseguiram vencer. Desde 1999, quando as vendas pela internet eram insignificantes, o comércio eletrônico disparou. No primeiro trimestre de 2014, elas alcançaram US$ 71 bilhões, uma taxa anual de quase US$ 300 bilhões por ano, o equivalente a mais de 6% do total das despesas do varejo nos Estados Unidos.


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