O que Emissário Submarino, Usina de Incineração de Resíduos e abastecimento de água em Guarujá têm em comum?
No último dia
8/7, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santos concedeu tutela de
urgência, em pedido do Ministério Público Estadual, suspendendo com eficácia retroativa,
os efeitos do Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras
ou Compensatórias (TRIMMC), firmado entre a Prefeitura de Santos e a empresa Valoriza
Energia SPE LTDA, que permitia a reurbanização do Parque
do Emissário Submarino, em troca da aprovação do Estudo de Impacto de
Vizinhança (EIV) da Unidade de Recuperação de Energia (URE), a ser instalada no
Sítio das Neves, na área continental de Santos. A URE nada mais é do que a usina
de incineração de resíduos sólidos urbanos, que também é objeto de
licenciamento estadual.
Na mesma
decisão, também com eficácia retroativa, o juiz suspendeu a decisão da comissão
municipal que aprovou o EIV, além de determinar a imediata paralisação da
execução das obrigações assumidas no TRIMMC, entre elas as obras do Parque do
Emissário Submarino, sob pena de multa diária de 30 mil reais.
Em sua última
publicação, Olhar Praiano começou a dar mais detalhes sobre este caso,
recuperando um pouco da polêmica história da urbanização do Emissário Submarino.
Nos próximos dias, serão relembrados mais detalhes sobre esta novela que se
arrasta desde 1978.
Todavia, é importante esclarecer aos leitores e
leitoras outro aspecto de relevante importância ambiental, que envolve o
licenciamento da usina de incineração. O próprio EIV do empreendimento, em fase
de análise, menciona a existência da Pedreira Engebrita, localizada em sua área
de influência (ver figura abaixo). Contudo, o estudo não avalia o impacto que a
usina trará ao empreendimento que a Sabesp planeja construir no local, o
reservatório da “Cava da Pedreira”, prometido desde o final da década passada,
para resolver os problemas críticos de abastecimento de água no Guarujá.
Futuro reservatório de água na área de influência da Usina de Incineração
Embora
localizado em Santos, o novo reservatório deve armazenar cerca de 2,3 bilhões
de litros de água do Rio Jurubatuba, a serem encaminhados para a Estação de
Tratamento de Água Jurubatuba, inaugurada no Guarujá, pela Sabesp, em 2013. Em
entrevista do superintendente da empresa, no início de 2019, previa-se a
inauguração do reservatório no início de 2020, fato que não ocorreu, frustrando
a população do Guarujá, que em plena pandemia sofre seguidamente com
desabastecimento de água.
Mas tanto a
população de Guarujá, como a de toda área central da Baixada Santista, têm o
direito de saber os riscos que correrão, em termos de contaminação da água, caso
a usina de incineração seja implantada. É preciso saber se haverá contaminação ambiental
e se esta afetará a qualidade da água do Rio Jurubatuba e do próprio
reservatório. Após tantos anos lutando com problemas de falta d’água, a
população do Guarujá não merece ser submetida a este risco ambiental. E como o
sistema central de abastecimento da Baixada Santista é interligado, é preciso
saber se outros municípios da área central da região estarão suscetíveis à
contaminação.
Portanto, a
discussão sobre a usina de incineração precisa ser aprofundada e aberta à sociedade.
Um dos aspectos abordados na decisão judicial que suspendeu as obras do
Emissário é justamente a falta de realização de audiência pública para
aprovação do EIV do empreendimento. A justificativa apresentada pela
Prefeitura, de que a situação de pandemia impediu a realização da audiência é
inaceitável. Porque a urgência na realização das obras do Emissário é mais
importante que a discussão sobre os riscos à saúde da população? Esta e outras
questões serão tema de debates, aqui no Olhar Praiano.
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