Uma proposta de replantio do jundu nas praias de Santos
Tela de Benedito Calixto, retratando a orla da praia do José Menino, em 1902.
A belíssima tela de Benedito Calixto (figura acima), retrata a paisagem bucólica da praia de Santos, no início do século passado. Em primeiro plano observa-se a vegetação de restinga, conhecida como jundu, que possui grande importância ambiental, pois tem como função a fixação de dunas, garantindo maior estabilidade para a praia.
Em imagens da metade do século passado (foto abaixo), já é possível observar a supressão do jundu, embora em alguns trechos das praias ele ainda tenha resistido, durante algum tempo. Na verdade, os jardins da praia substituíram o jundu e suas funções, por meio de aterros e plantios executados pela Prefeitura.
Foto do acervo do professor e pesquisador santista Francisco Carballa obtida em https://www.novomilenio.inf.br/santos/fot000nm.htm
Esta substituição das funções do jundu é bem visível nas fotos abaixo, que mostram como a ação dos ventos empurra para cima a vegetação dos jardins, criando pequenas dunas. É um fenômeno que requer manutenção constante, para preservar a qualidade paisagística dos jardins, com evidentes custos para a Prefeitura.
Jardins da praia próximos do Canal 5 (julho de 2020)
Jardins da praia próximos do Canal 5 (julho de 2020)
Outro fenômeno que tem se tornado constante, provavelmente como reflexo das mudanças do clima, são as ressacas, que transportam areia, com impactos na manutenção dos jardins da praia, aumentando significativamente seus custos (foto abaixo).
Invasão das águas do mar, por ressaca, transportando areia para os jardins
Mas alguns municípios brasileiros vêm adotando estratégias interessantes para recuperação da vegetação de jundu em suas praias. Olhar Praiano registrou dus experiências muito interessantes, no Rio de Janeiro e em Vila Velha (ES), que poderiam servir de paradigma para Santos. As fotos abaixo mostram um pouco dos resultados dessas experiências.
Replantio do jundu nas praias de Ipanema e Leblon, Rio de Janeiro (2017)
Replantio do jundu na praias do Leblon, Rio de Janeiro (2017)
Replantio do jundu na praia da Costa, Vila Velha (2019)
Esses casos são interessantes, pois ajudam a preservar a integridade da infraestrutura a montante das praias, sobretudo em função dos eventos extremos como ressacas, aparentemente sem custo para o município, pois são resultados de parcerias com empresas que fazem merchandising do plantio do jundu, como se observa na placa da foto abaixo.
Placa de patrocínio do replantio do jundu na praia do Leblon (Rio de Janeiro)
As medidas de isolamento decorrentes da epidemia de Covid 19 podem ter aberto uma oportunidade para que Santos adote estratégia semelhante, pois um dos grandes obstáculos é a colocação das barracas de praia, no trecho contíguo ao calçadão da areia. Como as barracas, por enquanto, não podem ser montadas (ver foto abaixo), abriu-se um espaço, que é uma oportunidade para a implantação de um projeto piloto.
Espaço livre onde são armadas as barracas de praia.
Aqui não se está defendendo a remoção definitiva das barracas. Na verdade, basta que elas sejam armadas alguns metros à frente, dando espaço para o jundu. É possível, com isso, que o efeito dos ventos e das ressacas sejam mitigados, com redução de custos de manutenção, para o município. Além disso, nossas praias ganharão um aspecto mais natural, enriquecendo a paisagem que já é muito bonita.
Comentários
Postar um comentário